A Dança de Jupiter e Saturno

A perspectiva humana sobre a realidade evoluiu e mudou e os valores atribuídos às duas divindades também. Quando voltamos no tempo para o período da grande deusa, observamos que ela assumia várias formas e presidia sobre os mistérios do nascimento, fertilidade e morte.

Surgimento de Zeus

Durante o segundo milênio antes de cristo, surge Zeus um deus masculino que reivindica a paternidade e a autoridade masculina, e o reconhecimento do espírito redentor, subjugando a natureza e exaltando a matéria.

No início esses deuses invasores se subordinavam a Deusa, e possivelmente compartilhavam poder com ela por um tempo, mas eventualmente tomaram o lugar de honra. Os mitos de Zeus descrevem tanto esse desenvolvimento histórico externo quanto o desenvolvimento psicológico interno.

O surgimento do princípio dominante patriarcal que surgiu na era de Áries

Na nova era, a organização social (representada por Zeus) iniciou a ênfase nos laços de sangue (defendidos por Hera, sua consorte), o espiritual oposto ao biológico, um novo tipo de lei moral desafiou as antigas leis da natureza.

A maneira infalível pela qual a prole resulta de suas várias uniões fortuitas, demonstra a supervalorização da contribuição masculina à fertilidade, à medida que o poder da deusa era arrancado. A parceira era assumida por esses mitos como estando sempre pronta para a fertilização, o papel de seu ciclo mensal, agora por sua vez, esquecido.

Citando Sófocles em Trachiniai “para o ateniense normal do período clássico, Zeus era o significado que iluminava mais ou menos todos os grandes acontecimentos”. Esse insight nos aproxima da função de Júpiter no mapa de nascimento, pois como o senhor da nona casa é precisamente a busca de significado que esta casa se ocupa. Esta é a dimensão da vida que nos resgata do cego círculo eterno da natureza.

A arma de Zeus é o raio, que ele envia quando enfurecido. No budismo tibetano, é um símbolo do poder espiritual irresistível, o estado indestrutível do ser que está além da ilusão e da corruptibilidade

Homero o descreve como “ Zeus inconquistável, que derrubou as altas torres de muitas cidades e ainda destruirá outras”. Ele pode iluminar ou destruir, e aponta para Zeus que funciona como iluminador, ao mesmo tempo lembrando que ele é uma poderosa figura, e o planeta Júpiter não é tão inofensivo quanto foi considerado por algum tempo

A História de Zeus

Zeus é filho de Kronos (saturno) e Rhea.
Cronos sendo talvez um deus ainda subserviente à deusa.
Por causa de uma profecia de que Cronos seria forçado a abandonar seu trono como rei dos deuses para um de seus filhos, ele coloca em pratica devorá-los no nascimento.

Com a ajuda de Ouranos e Gaia, os pais de Kronos, que ele derrubou por sua vez, Rhea dá à luz a Zeus em Creta e o leva até lá, oferecendo a Kronos uma pedra para engolir no lugar de seu filho. No devido tempo, Zeus pede a ajuda de sua primeira esposa Metis (sabedoria, bons conselhos), filha de Oceanos. e Tethys, que o aconselha a visitar Rhea e pedir uma poção. Rhea elabora a poção que ele mistura com a bebida do pai e o velho deus regurgita os irmãos de Zeus: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, que sob a liderança de Zeus fazem guerra contra os Titãs.

Como é sempre o caso dos mitos, há relatos diferentes da maneira como Zeus lida com Cronos quando ele cumpre a profecia. Alguns dizem que ele jogou Cronos nas profundezas de Tártaros, mas em outra versão, ele o teria banido para um exílio digno nas ilhas dos abençoados no oceano ocidental.

Em todas as histórias de conquistas que se sucederam, ele sempre foi ajudado por intermédio de alianças. Todas essas histórias de assistência nos dizem que a autoridade de Zeus é alcançada e mantida apenas pela aliança, embora unilateral, com as divindades de um período anterior, mais orientado biologicamente, em última análise, com a generosa deusa terra. A mãe e nutridora da vida e receptora dos mortos para o renascimento. Uma análise que pode ser útil, após tomarmos conhecimento a partir de suas histórias é que Jupiter, embora poderoso, tem limitações e precisa ser “aterrado” e nutrido pelo princípio feminino e sua exaltação em câncer parece reforçar essa ideia.

Na jornada mitológica, para Zeus a perseguição é tudo e o compromisso a longo prazo é cansativo. Mas o casamento de Hera perdura – a hostilidade da esposa ciumenta aparentemente fornece a Zeus algum tipo de fundação/ aterramento necessário, uma restrição que desperta seu apetite por uma sequência interminável de breves casos com deusas, ninfas e mortais. Assim, o jupteriano que circula livre sempre existe no contexto e em contraste com um modo de vida mais estabelecido e restrito.

Júpiter

Júpiter na Astrologia

A figura mitológica de Zeus incorpora, assim, uma série de características que são altamente relevantes para o papel de Júpiter na astrologia. Ele está associado ao conceito do divino em geral. Com brilho, iluminação e significado, com o masculino em oposição ao feminino, mas parece exigir algum apoio deste para alcançar seus objetivos. Ele é uma poderosa figura de autoridade que se enfurece e castiga quando está com raiva, e também é um sedutor inconstante e estuprador. Ele semeia sua semente em toda parte.

Embora na astrologia a descrição da relação Jupiter /saturno seja de oposição e dificuldade, ambos operam ao mesmo tempo, são complementares e um requer o outro. O que sobe, precisa descer; sístole, sucede a diástole, e semear é seguido por colher. Estes dois planetas, estão entre o grupo de planetas pessoais e o grupo de planetas transcendentes. Eles intermediam as polaridades que podem ser entendidas como esperança e medo, abundancia e escassez, expansão e contração.

Jupiter é o que nos estimula a expandir, prometendo que tudo que precisando está ao nosso alcance. Ele nos preenche com o sentimento de potencial ilimitado, sussurrando que tudo é possível, inspirando e estimulando, nos liderando e nos convencendo contra todas as evidencias. Ele nos dá licença. Ele nos lança além. Mas ele tambem avisa: “conheça seus limites”.

Ele nos preenche com o sentimento de potencial ilimitado, sussurrando que tudo é possível, inspirando e estimulando, nos liderando e nos convencendo contra todas as evidencias. Ele nos dá licença. Ele nos lança além. Mas ele tambem avisa: “conheça seus limites”.

Saturno na Astrologia

Já o medo Saturnino nos faz sentir desdém, nos derruba, encolhe nossos ombros e inclina nossas cabeças; faz surgir duvidas cínicas, murmura cautela, censura e inibe com sentimentos de inadequação e uma dolorosa autoconsciência. Seu conselho geralmente é para realizar com cautela e segurança e nos segurar no que temos.
Ele é profundamente desconfiado e a propensão jupiteriana é para correr riscos. E mesmo assim, ele é o dono da 10º casa, o ponto mais alto do mapa, onde colocamos nossa necessidade de realização, reconhecimento e apreço.

A segurança saturnina é a prisão para jupiter. As limitações impostas por saturno são as do mundo concreto. A forma implica definição, limites. Saturno nos confina ao mundo real como experienciados pelos sentidos e todas as nossas inspirações precisam em última instancia passar pelo teste da realidade. Mas há uma instancia interior atrás de toda estrutura saturnina, há um vislumbre das possibilidades, pois nada pode vir a ser sem a percepção de seu potencial. Todo negócio bem-sucedido num primeiro momento foi concebido na imaginação, como possibilidade.

Júpiter e Saturno

Com Jupiter em capricórnio agora, temos de estar conscientes que jupiter pode enganar, usando toda sorte de disfarces, mas ele aponta o caminho adiante e em sua aliança com Saturno em capricórnio, haverá como consolidar o entendimento e podemos caminhar na direção do cumprimento de nossos projetos. É tempo de prever possíveis desenvolvimentos quanto à otimização do uso de bens materiais e à organização de tempo e movimento.

Jupiter estabelecendo as leis e arremessando raios, pode ser tão tirânico quanto saturno, mas cada um apresenta motivações bem diferentes. As regras impostas por Saturno baseiam-se no medo e a necessidade de segurança e evitar riscos e problemáticas inovações. As importantes decisões não podem ser atribuídas a aventureiros inexperientes. As coisas não podem sair do controle. Já o ditador jupiteriano, simplesmente sente o que é certo e sua palavra não pode ser contestada embora possam representar o capricho do momento.

Outra área em que jupiter e saturno, tocam é a questão do tempo. Saturno, o senhor do tempo, mas seu domínio tem um aspecto limitador. As restrições do momento presente, largamente e/ou totalmente definidas pelas ações do passado (karma), e a consciência de que nossos dias estão contados. É o velho homem olhando para trás e desconfiado com as inovações. Jupiter é associado ao dom da profecia, que Zeus adquiriu devorando Metis e seu domínio é o das possibilidades onde se encontra o futuro. Como regente da meia idade, ele também é um homem com experiencia, que está preocupado com a totalidade da experiência.

Como governantes do tempo, Júpiter e Saturno, através de suas conjunções regulares recorrentes no padrão das triplicidades, formaram a medida da história muito antes da descoberta dos planetas externos. O ciclo Jupiteriano de 12 anos é comparável a medida solar dos 12 meses do ano enquanto o ciclo saturnino de 21 anos (2 e meio anos por signo) relaciona-se com o ciclo lunar de dois e meio dias por signo. Essa conjunção/ alinhamento que ocorrerá em 2020 encaixará em equilíbrio os aspectos do feminino e masculino desses planetas. Portanto a restrição e forma propiciada por Capricórnio/saturno é necessária para contrabalançar o desmedido entusiasmo jupiteriano e assim, criando excelentes oportunidades de realizações.

Assuntos que jupiter traz à tona em sua jornada: Viagens, fé, visão, politica, crime, extremismo, leis, teorias, sorte.

Jupiter e saturno iniciam um novo ciclo sinódico por intermédio de uma conjunção primeiro em 3 de dezembro 2020 em 28º Capricórnio e novamente em 19 de dezembro a 0º Aquário.

Bibliografia:

  • James Hillman – O sonho e o mundo inferior
  • Robert Graves – A mitologia grega
  • C. Kerenyi – Zeus e Hera
  • Joseph Campbell – As máscaras de deus.
  • Homero – Ilíada
  • Robert Graves – The White Goddess.
  • Alan Leo – Como julgar uma natividade
  • Eve Jackson – Jupiter

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